domingo, 18 de março de 2012

CAPITULO 2 B...


   Voltei para casa mais deprimido do que estava antes de ir para o hospital e agora ainda sentia vergonha.
   Meu amigo desconfiou da minha atitude e aos poucos se afastou de mim.
   Sem ter com quem desabafar, eu sofria. E minha família sofria por me ver aprisionado em meu silencio.
  Um dia, sem conseguir controlar minhas lágrimas, minha mãe flagrou-me sentado na sala, chorando. Insistiu para que eu me abrisse com ela e contasse o que havia acontecido.
   Tentei esquivar-me dizendo que não era nada, mas diante de sua insistência e da necessidade de dividir aquele peso com alguém, resolvi contar. Com um pouco de receio, perguntei:
   -A senhora quer mesmo saber o que está acontecendo?
  -Claro, meu filho. –respondeu minha mãe, enxugando uma lágrima teimosa que rolava em sua face.
   Pedi a ela que fosse ao meu quarto pegar um caderno
que eu tinha. Neste caderno havia muitos poemas, pensamentos e traduções de músicas. Pedi a ela que lesse em uma pagina a tradução de uma música, que, hoje em dia, por mais que eu tente não consigo lembrar. Acho que o tempo me fez esquecer tudo.
   Ela leu a letra da música que dizia assim: ”Eu já não consigo mais lutar contra esse sentimento. O que começou como amizade, agora era amor.”
   Realmente eu não conseguia lutar contra aquele amor. Tornei-me fraco, sem um porto seguro, sem chão.
Depois de ler, seu semblante ficou aliviado. Ela não imaginava.
-É uma mulher casada? –perguntou.
-Não! –respondi surpreso com a pergunta.
-Ela é mais velha que você?
Aquele bombardeio de perguntas me deixou mais aflito. Ela não havia entendido o que estava acontecendo. Senti-me mais enclausurado.
-Esquece mãe. –tentei encerrar o assunto e limpei meu rosto. – É bobagem minha. Vai passar.
Ela saiu da sala e foi falar com minha irmã mais velha.
       Isabel me conhecia melhor do que ninguém. Sabia quando eu estava triste ou amargurado apenas pelo tom de minha voz. Ela entrou na sala e perguntou-me:
   -Que carta é essa que a mãe me falou? Onde está?
   Entreguei a ela meu caderno, já com a página aberta. Ela leu a tradução da música e seu olhar parou no meu.
   Naquele momento eu sabia que tudo viria à tona. Ela me perguntou:
   -É o Guilherme, não é?
Mais uma lágrima teimou em cair. Confirmei com um
aceno de cabeça. Ela sentou-se ao meu lado segurou minha mão e falou:
-Éder, porque todo esse sofrimento? Ele não merece as tuas lágrimas nem o teu desespero. Você é jovem, bonito e pode ter quem quiser ao teu lado. Pode ter certeza que você ainda será muito feliz e terá alguém que saiba te dar valor. Quanto a mim, a mãe e a toda tua família, não te preocupa, nada irá mudar. Nós te amamos muito. Vamos te apoiar e ajudar a passar essa fase. Vamos conversar com a mãe, ela está sofrendo muito.
Tenho certeza que nada mudará. Ela continuará te amando.
Eu tive muito medo. Seria uma decepção para Dona Dilma. Seu único filho era homossexual.
Refleti por alguns segundos e então me levantei e dei um forte abraço em minha irmã agradecendo seu apoio e amor.
Fomos até o pátio de minha casa, onde minha mãe aguardava ansiosamente. Puxamos duas cadeiras e sentamos ao lado dela. Isabel perguntou diretamente:
-Mãe, você não sabe o que está acontecendo com o Éder, mas seja lá o que for seu amor por ele mudará?
Ela engoliu em seco e respondeu:
-Claro que não Bel. Vocês são a minha vida. Faço o que for preciso para vê-los bem. –    Mamãe voltou seu olhar para mim e continuou, - Eu te amo muito meu filho. Quero muito te ver feliz e me dói à alma ver-te triste pelos cantos sem conversar com ninguém, sem se abrir. Você está sofrendo e nós também.
   Naquele momento Isabel interferiu e contou o que estava acontecendo. Falou porque e por quem eu estava sofrendo. E o motivo de eu ter tentado o suicídio.
    Finalmente eu havia assumido para minha mãe a minha opção e ela não escondeu que apenas engolia esta situação. Para ela aquilo era doença ou trabalho de feitiçaria, como ela dizia.
O tempo passou, a depressão se foi e minha mãe começava a me aceitar e me apoiar. Mas foi muito difícil. Eu imaginava que com o apoio de minha família seria mais fácil assumir minha homossexualidade, mas não foi assim. 
Confesso que fiquei decepcionado com a atitude que ela tomou. Lembro que naquela época criei uma frase que me fez acreditar que seria diferente com meu pai. A sua reação seria outra. Mas meu pai é uma pessoa antiquada e criado a moda antiga e mais uma vez o medo me fez calar e resolvi não abrir-me com ele. A frase é: ”Quem pensamos ser diferente, é diferente do que pensamos ser.” Será que ele entenderia? Achei melhor não arriscar.

sábado, 17 de dezembro de 2011

Capítulo 2 A

O ano de 2007 estava mudando o meu jeito de ser, pensar e agir.

                Fui um orgulhoso disfarçado em meiguice. Meu olhar profundo escondia uma tristeza. Um vazio. E a todo tempo desviava-se de outros olhos para não se deixarem trair. Minha evidente inquietude não passava de um escudo para não transparecer o que eu realmente sentia. Sou uma pessoa verdadeira, que chora e sorri com a mesma simplicidade de uma criança. Minha falta de coragem era disfarçada em falta de tempo, mas era uma imagem verdadeira. A imagem de um filho de Deus, perdido e desolado. Uma criatura escondida atrás de uma falsa fortaleza.
               Disseram-me uma vez que sou uma pedra preciosa sem lapidação. Não tenho e nunca tive a pretensão de ser lapidado, afinal o mais bonito da ostra é seu âmago.
            Hoje estou feliz em simplesmente ser o que sou e não aquilo que tentava, a todo custo, passar para as pessoas. Erro e sofro com esses erros, sabendo que errei apenas para convencer a mim mesmo. Modéstia a parte, sou uma pessoa maravilhosa, um ser humano bondoso e não o homem orgulhoso e prepotente que tentava ser. Preconceituoso comigo mesmo. Sempre convivi com minhas neuroses e buscas incessantes que não chegavam a lugar nenhum, pois nem mesmo eu sabia onde queria chegar. Minha alegria era disfarçada, mas eu tinha todas as artimanhas para me mostrar diferente do que era.

              Agora me sinto outra pessoa. Lapidado e sem disfarces. Alegre e obstinado. Uma pessoa de ação e sem medo de ser feliz. Aceito o que falam a meu respeito como criticas construtiva, para que eu me fortaleça e amadureça psicologicamente.
               Apesar de algumas coisas ruins que me acontecem eu faço como a música: levanto, sacudo a poeira e dou a volta por cima.
              Hoje tenho certeza que ter a opção sexual diferente não é doença ou conseqüência de uma decepção amorosa. Isso já vem de berço.
            Desde que me descobri sexualmente sinto atração por outros homens e sempre usei uma máscara, pois aquilo parecia errado. Eu não queria ser um “gay”.
            Eu pensava nas convenções da sociedade. Constituir minha família. Esposa, filhos, o orgulho de meus pais. Mas não era isso que me fazia feliz.
             Minha primeira transa foi aos 14 anos com um amigo da minha infância e não foi muito legal, pois éramos muito jovens e inexperientes.
           Apesar de olhar para os homens com desejo de tê-los, levei onze anos para me entregar a alguém.
           Sempre que eu andava nas ruas e via um homem que me atraísse, quando chegava em casa me masturbava, mas ainda assim achava aquilo errado.
          Eu era um adolescente distante e sonhador. Não fazia amigos por medo de sentir atração e acabar me traindo ou até mesmo sentir algo mais forte e descobrir ou ter certeza daquilo de que eu fugia.
Aos 24 anos, conheci uma pessoa que se tornou meu melhor amigo, quase um irmão. Éramos confidentes um do outro. Eu sabia tudo da sua vida, mas ele, que acreditava saber tudo da minha, não sabia meu maior segredo.
         Aos poucos aquela amizade começou a confundir-se e o sentimento foi mudando. Só que eu não sabia o que era.
         Seria isso o amor? Ou apenas desejo?
         Aquilo estava me perturbando. Eu tinha medo de perder a sua confiança.
       O tempo se arrastava e eu não agüentava mais fingir e sufocar aqueles pensamentos insaciáveis que consumiam a minha paz e um dia resolvi que deveria pôr fim àquela loucura e cometi uma loucura maior ainda, tentei suicídio. Envenenei-me para não decepcionar meu amigo e acabei decepcionando os meus pais e irmãs, que sofreram muito.
           Graças a Deus aquilo passou, mas o pior ainda viria.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

CAPITULO 1C


  O ônibus chegou à praça e eu desci. Peguei um moto-boy e fui para casa. Nesta época eu morava no Lar Gaúcho.
  Cheguei em casa e fui tomar um banho.
  Aquela água morna caindo em meu corpo me fez relaxar e pensei em tudo que havia acontecido. De repente notei que estava ficando excitado, dei asas à minha imaginação e me masturbei. Deitei e adormeci. Acordei com minha mãe chamando para o almoço. Já era meio dia.
  -Só mais cinco minutinhos, mãe – respondi sonolento.
  Fiquei deitado mais um pouco e relembrei tudo que havia acontecido. Levantei e fui almoçar.
  Estavam todos perto da churrasqueira.
  Dei um bom dia, como há muito tempo eu não dava. Minha mãe foi a primeira a responder:
  -Bom dia filho! Que felicidade é essa?
  -A noite deve ter sido boa, Dona Dilma – disse meu cunhado com um ar debochado.
  -E foi mesmo. – respondi.
  -Viu um passarinho verde filhão?- perguntou meu pai.
  -Verde, azul, amarelo... Acho que todas as cores, pai.
  Todos riram e continuaram batendo papo.
  Fui até a geladeira pegar uma cerveja.
  Minha mãe não se conteve e veio atrás para saber o real motivo da minha felicidade.
  -Quem é o felizardo, filho?- perguntou ela.
  -Mãe!? – falei baixinho em tom de censura.
  -Faz muito tempo que não te vejo feliz assim Éder. Se você quiser dividir tua felicidade eu estou aqui.
  -Ta bom mãe. Não adianta disfarçar mesmo.
  -Eu sabia. Coração de mãe não se engana.
  Rimos daquela situação.
  -Eu conheci uma pessoa maravilhosa ontem.
  -E marcaram alguma coisa para hoje ou para o final de semana?
  -Não. – respondi abrindo a cerveja e servindo dois copos.
  -Quando irão se ver de novo?
  -Não sei mãe. Esquecemos de trocar telefone ou endereços. Nem sei se é recíproco o que estou sentindo.
  -Como não sabe? Vocês não... Como é que os jovens falam?
  -Ficaram?
  -Isso mesmo! Vocês não ficaram?
  -Não, só conversamos. Foi um encontro como esses de novela.
  -Pelo menos essa felicidade toda tem nome?
  Tomei um gole da minha cerveja, olhei para um vaso de lírios que estava sobre a mesa da cozinha e respondi:

  -Fabrício. Fabrício Oliveira. É só isso que eu sei.
  Por um segundo senti um misto de tristeza e saudade, mas minha mãe percebeu e não deixou meu astral cair:
  -Éder, nosso destino está todo traçado. Se for para ser teu, você irá reencontrá-lo. Seja hoje, amanhã ou daqui a um ano, não importa. Ele será teu e vocês serão muito felizes.
  Levantei da cadeira, dei um forte abraço e um beijo em minha mãe.
  -Eu te amo, mãe.
  -Também te amo, filho.
  Minha mãe voltou para a churrasqueira e eu fiquei sentado pensando.
  Dona Dilma é a mãe que todo filho gostaria de ter. Zelosa, amiga e conselheira, mas também dá muita bronca quando pisamos na bola. Pra mim é a melhor mãe do mundo. Gostaria de poder ser seu filho por “trocentas” vidas.
  Levantei, fui até meu quarto e liguei o radio. Estava tocando um musica da Marisa Monte. Prestei atenção na letra. Aquela musica estava tocando para mim. Dizia exatamente assim:
  “E no meio de tanta gente eu encontrei você, entre tanta gente chata, sem nenhuma graça, você veio...”
Eu encontrei você! 

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

CAPITULO 1B.


Continuação do capítulo 1B...


  Caminhamos lado a lado como dois grandes amigos.
  Ao passarmos na estatua de Iemanjá paramos e a olhamos em total silencio.
  Não sei o que passava na cabeça de Fabrício naquele momento. Será que ele pedia ou agradecia?
  Eu agradecia.
  Agradecia por tê-lo conhecido de uma maneira tão inesperada e por estar tão feliz. Isso era coisa do destino.
 Naquele momento, ousei pedir à Rainha das Águas para permitir que aquela felicidade continuasse, que ela iluminasse meu caminho e num arroubo de egoísmo, pedi para que houvesse reciprocidade naquela felicidade.
  Após fazer o sinal da cruz, continuamos a caminhar.
 Parecia que já o conhecia há muito tempo. Talvez de outras vidas. Havia uma cumplicidade silenciosa entre nós.
  Não sei se ele estava feliz, mas eu estava. Estava muito feliz.
  Caminhamos um pouco e Fabrício parou. Parou e ficou olhando para mim com olhar pensativo.
  Dei mais alguns passos e ao perceber sua parada, também parei e perguntei:
  -O que foi? Por que parou?
  -Você não percebeu nada estranho?
  -Não! –respondi confuso- Por quê?
  -Não nos esquecemos de nada?
  -Acho que não! Respondi dando de ombros.
  Mas ele insistiu:
  -Tem certeza?
  Mantive o silencio por um instante como que a buscar algo na memória e falei:
  -Acho que não nos esquecemos de nada. Acabamos de nos conhecer. Vem, vamos procurar um lugar para comer algo. Estou faminto. Você não está?
  Mas Fabrício continuava parado e com um sorriso no olhar. Então ele deu um passo até onde eu estava e disse:
  -Fabrício. Meu nome é Fabrício. Esquecemos de nos apresentar.
  Caímos na gargalhada.
  Apertei a mão que ele me estendia e disse:
  -Muito prazer, Fabrício. Meu nome é Éder. Que bola fora, hein!
  -Não esquenta Éder. Agora vamos que eu também estou faminto.
 Resolvemos entrar em uma panquecaria que não estava super lotada como tudo na avenida àquela hora. Com a fome que a gente estava não dava para esperar muito. Compramos duas panquecas de frango e requeijão e duas latinhas de cerveja. Resolvemos sentar em um banco da avenida, pois estava fazendo muito calor, e enquanto comíamos o assunto foi fluindo:
  -E aí? –perguntei- Me fala um pouco mais de você. Qual sua idade? Trabalha? Estuda? Onde mora?
  -Bom, eu tenho 24 anos e no momento estou desempregado. Já terminei o ensino médio e moro com minha mãe e dois irmãos, Daniel e Gabriela.
  -E seu pai, é falecido?
 -Para mim é como se fosse. – Fabrício projetou seu olhar para o horizonte - Ele nunca esteve presente na minha vida e só trazia problemas para minha mãe. Amantes, dívidas e muitas outras coisas. Mas isso não importa agora. - disse retornando daquele devaneio momentâneo – Prefiro não falar dele. E você o que faz?
  -Também estou desempregado. Terça-feira farei uma entrevista para uma vaga de recepcionista em um hotel. Estou bem confiante, pois é algo de que gosto muito. Moro com meus pais e minha irmã mais nova. Tenho outras três irmãs, todas casadas.
  Neste ponto, Fabrício interrompeu-me:
  -Que idade você tem?
  -Adoro quando me perguntam isso- disse entre risos- Quantos anos você acha que eu tenho?
  -Vinte e quatro?
  -Não.
  -Mais ou menos?
  -Mais.
  -Puxa! Dava-te no máximo vinte e quatro!
  -Mas eu tenho vinte e nove.
  -Não parece.
  -Nem tudo que parece é.
  -É verdade!
  Terminamos de comer, pegamos outra cerveja e fomos caminhar mais um pouco na avenida.
 Já estava amanhecendo quando resolvemos ir embora, afinal tinha o almoço com a família no primeiro dia de 2007. Em nenhum momento Fabrício demonstrou algo. Acho que estava criando uma expectativa em relação a ele. Sentamos lado a lado no ônibus, trocamos mais algumas palavras e o cansaço venceu-me e acabei adormecendo. Tive um sonho com ele.
 No sonho, eu estava em uma festa, sozinho, quando o avistei encostado em um balcão tomando uma cerveja. Encantei-me. Comecei a cuidá-lo e desejava que ele notasse minha presença, mas ele não me olhou.
 Percebi que alguém estava me observando e fui a seu encontro. Começamos a conversar e nos beijamos.
 Eu estava curtindo aquele momento, mas meu sentido estava naquele jovem que continuava alheio à minha presença.
 Eu estava abraçado com meu “ficante” e notei que o jovem afastou-se do balcão e aproximou-se de nós.
 Minha boca secou.
 Ele me olhou e sorriu. Era Fabrício.
 Estendi minha mão, sem que meu “ficante” percebesse, e segurei a mão de Fabrício. Mais uma vez ele sorriu e afastou-se.
 Eu não acreditava que havia feito aquilo, mas não iria perder esta oportunidade. Puxei meu acompanhante pela mão e fomos onde estava Fabrício. Apertei sua mão e cochichei apressadamente em seu ouvido enquanto encenava um abraço de surpresa:
 -Faz de conta que a gente se conhece.
 Ele concordou discretamente.
 Apresentei-o como vizinho de uma tia.
 Uma música começou a tocar e fomos, eu e o outro
jovem, para a pista de dança, de onde eu podia olhar para Fabrício e admirar sua beleza. Após algumas musicas meu par resolveu ir embora da festa e eu também não ficaria muito mais, pois estava cansado, mas antes resolvi passar perto do lugar onde estava Fabrício. Olhei-o no fundo dos olhos quando passei a seu lado.
 Eu estava descendo a escadaria e virei-me. Nossos olhos se encontraram novamente.
 Voltei e puxei assunto, mas ele calou-me com um beijo impetuoso.
 Eu estava no ápice do meu sonho quando acordei. Sorridente, olhei para o lado e assustei-me.
 Sentada comigo, estava uma senhora.
 Fiquei confuso e perguntei-me se, conhecer Fabrício não havia passado de um sonho. Será que voltaríamos a nos encontrar? Mas como, se não havíamos trocado endereço ou telefone. Que ódio senti de mim.


Continuação do Capítulo 1   no próximo post...

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Capitulo 1A.

  Tudo começou no dia 31 de dezembro de 2006. Eu estava sentado na beira da praia do Cassino e meu relógio marcava 23h42min. 
  Como todo réveillon a praia estava lotada e em meio a milhares de pessoas eu me sentia sozinho, alias, sozinho não, em minha frente havia uma garrafa de champagnes e uma taça vazia, as minhas únicas companheiras. Meu olhar era triste, pensativo e ao mesmo tempo encantado ao visualizar a grandiosidade do oceano.
Naquele dia eu vestia uma calça jeans, tênis branco e uma camiseta verde. Lembro como se estivesse revivendo aquele momento.
  Minha família surpreendeu-se quando falei em romper o ano na praia. Sozinho. Ficaram todos muito chateados. 
  Minha mãe estava com o semblante preocupado, mas, lhe disse que gostaria de entrar um ano novo diferente de todos os outros e que a partir dali minha vida iria mudar, e mudou mesmo.
  Vesti a única camiseta verde que eu tinha, pois queria buscar esperança de uma nova vida, um novo trabalho, um novo amor. Esperança de um ano melhor. Eu não tinha consciência de que tudo seria realizado como um passe de mágica e que a partir daquele dia eu iria viver, sorrir e sonhar escondido nas sombras do preconceito.
  Eu não acreditava em amor verdadeiro e também não acreditava que um dia eu amaria e seria amado.
  Depois de duas decepções amorosas não queria me apaixonar novamente, mas acabei me apaixonando naquele 2007.
   Mas voltando ao presente, esqueci de me apresentar.
   Meu nome é Éder Blanco, tenho 32 anos, trabalho como fotógrafo e moro sozinho em um apartamento no centro de Rio Grande. Na época que esta história aconteceu eu estava desempregado, tinha 29 anos e morava com meus pais, e este foi o melhor ano de todos que vivi.
   Na praia as pessoas passavam por mim despercebidas, como se naquele espaço que eu ocupava não existisse ninguém.
   O tempo custava a passar e para mim era uma eternidade a chegada do novo ano. De vez em quando eu olhava para o relógio e voltava meu olhar para o nada.
   Naquele mesmo dia, no mesmo horário e na mesma praia alguém vivia uma historia parecida com a minha. Seu nome, ainda que eu não soubesse naquele momento, era Fabrício.
   Fabrício Oliveira era um jovem de 24 anos que também estava desiludido com a vida que estava vivendo. Desempregado e sem alguém para dividir suas alegrias e suas tristezas.
   Como ele mesmo me contou, a Avenida do Cassino estava lotada. Ele caminhava solitário rumo à praia. Suas únicas companheiras também eram uma garrafa de champagne e uma taça. Ele passava entre as pessoas como se a avenida estivesse vazia. Vazia como seu coração.
   Vestindo uma calça branca, camisa verde água e sandálias, Fabrício também buscava na virada daquele ano a esperança de uma vida nova, de um novo amor e principalmente de um ano melhor que 2006.
   Nós não tínhamos nos encontrado antes. Talvez até tivéssemos nos cruzado em algum lugar, mas nunca nos olhamos em nenhum instante.
   Ao chegar à beira da praia ele olhou a hora, seu relógio marcava 23h49min. Levantou a cabeça, olhou para a imensidão do mar e voltou seu olhar para as pessoas ao seu redor. Pessoas felizes com suas famílias, casais apaixonados, crianças brincando na areia sem saber o que o futuro reservava. Jovens bêbados, mas felizes.
   A uns trinta metros ele me avistou sentado na areia, também solitário. Foi como mágica. E as pessoas sumiram de sua visão. Fabrício só enxergava a mim. Ele não conseguiu controlar suas pernas que teimavam em levá-lo em minha direção. Caminhos lentos que aos poucos se apressaram para chegar onde estávamos. Seu coração pulsava descompassadamente. Fabrício não entendia o que estava acontecendo, ele só sabia que seu destino seria falar comigo.
   Em poucos minutos ele estava em pé atrás de mim.
   Olhávamos o mar, tristes e solitários até aquele momento.
   Olhamo-nos e ele deu um “oi” tímido.
   Confesso que achei estranho, ele ali parado tentando puxar assunto. Cheguei a pensar que estava me confundindo com alguém.
   -Olá! Respondi virando-me para o mar, indiferente à sua presença.
   Ele deve ter-se arrependido de ter caminhado até lá. Depois de um breve silêncio, Fabrício abaixou-se e me perguntou:
   -Posso te fazer companhia? Estou só e não gostaria de entrar o ano nessa solidão.
   Olhei fixamente para ele e respondi:
   -Um não você já tem em mente, agora é só correr atrás do sim - sorri. -Claro que pode. Só acho que hoje sou péssima companhia. Não vai ser legal entrar o ano ao lado de uma pessoa de baixo astral.
   Voltei o olhar para o mar e Fabrício desabafou aliviado:
   -Puxa amigo, então somos dois. Não estou nem um pouco legal. Briguei com minha mãe e me mandei pra cá.
   Convidei-o para sentar. Olhamos para o relógio, eram 23h57min.
   -Falta pouco! -exclamamos ao mesmo tempo. Sorrimos. Fazia tempo que a vida não arrancava nenhum sorriso de nós.
   Enquanto o silencio pairava entre nós a agitação continuava em alta entre as pessoas que aguardavam ansiosas pelo novo ano.
   Pegamos as nossas champagnes e retiramos o lacre. Como um coral ao fundo começava a contagem regressiva:
   -10, 9, 8, 7...
   Sacudimos as garrafas para estourar.
   -4, 3, 2, 1. Feliz Ano Novo!!!
   As champagnes estouraram juntas.
   Pessoas se abraçavam e olhavam para o céu para assistir o magnífico show pirotécnico dos fogos de artifício. Nós não prestamos atenção. Servi a taça de Fabrício e ele serviu a minha e brindamos.
   Então me dei conta do que acabara de fazer. Foi automático, quando percebi já tinha enchido sua taça. Será que ele achou aquela minha atitude estranha?Sei lá. O fato é que eu estava feliz e comemoramos a chegada de 2007.
   Todos cantavam a tradicional musica de final de ano:
   -Adeus ano velho. Feliz ano novo...
   Desejei para meu novo... Amigo:
   -Paz!
   Ele retribuiu:
   -Felicidade!
   Eu continuei:
   -Harmonia!
   E assim foi consecutivamente ele, eu, ele, eu...
   -Prosperidade!
   -Saúde!
   -Dinheiro no bolso!
   -Sonhos realizados!
   Após muitos desejos ficamos em silencio, olhando o mar. Mas faltava um. Olhamo-nos, levantamos as taças e desejamos um para o outro:
   -Amor!
   Mais uma vez sorrimos. Levantamos e nos abraçamos. Nossos corpos tremiam. O que estaria acontecendo entre nós? Será que era recíproco? Nós nem sabíamos o nome um do outro.
   Timidamente nos separamos e perguntei para Fabrício se ele estava com frio. Ele meneou a cabeça:
   -Não estou com frio, apenas senti algo diferente.
   -Não sei o que houve, também fiquei tremulo de repente. Talvez seja a emoção de um novo ano chegando, de um novo...
   Baixei a cabeça e outra vez ficamos em silêncio. Fabrício franziu a testa interrogativamente como que esperando o que eu iria dizer e rompeu o silencio indagando:
   -Um novo amor?
   Levantei a cabeça e concordei. Sorri. Nossos olhares encontraram-se e disseram algo.
   Lentamente nos aproximamos e nos abraçamos demoradamente. Senti que estava ficando excitado e me afastei. Meu rosto ruborizou-se. Tive medo de que Fabrício percebesse e falasse algo. Absolutamente sem jeito desfiz aquele silencio perguntando:
   -E então?
   -O que? -Perguntou Fabrício, também parecendo constrangido.
   -Vamos ficar por aqui?
   -Sei lá! Você quer dar uma volta?
   -Pode ser!
   -Então vamos! Vamos caminhar na avenida.
   Saí um pouco na frente, mas parei. Fabrício estava olhando para as garrafas de champagne que havíamos deixado na areia. Virou-se para mim e disse:
   -Espere! As champagnes ficam?
   -É claro! Temos que dar um destino a elas.
   Peguei uma garrafa, entreguei a outra a Fabrício e nos olhamos maldosamente. Os dois pensaram a mesma coisa. Sacudimos as garrafas e apontamos um para o outro. Tomamos um banho de champagne e caímos na gargalhada. Abraçamo-nos mais uma vez e fomos para a avenida.

O capitulo 1 tem continuação...

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

As Sombras do Preconceito.


Dedicatória:
     Dedico esse livro aos meus pais Anor e Sirlei, as minhas irmãs Kátia, Karla, Karen e Karina, aos meus cunhados, aos meus sobrinhos Hellyn, Murilo, Laura e Nicolas.
     Obrigado a todos os meus amigos, principalmente os que eu citei seus nomes em alguns personagens (Fabrício, Dilma, Éder, Helena, Isabel, Chaiane, Thaís, Leonardo, Claudia, Glauco, Patrícia, Marcos, Luís Fernando, Laís, Guilherme, Daniel, Gabriela, Simone, Mauro, Diego, Alex, Renato, Tiago, Alexandre, Graciela, entre outros que eu não citei aqui). Dedico ao meu amor que está sempre me apoiando.
     Muito obrigado, a mulher que me ensinou a ler e escrever, Maria Alice Teixeira, minha professora da antiga 1ª série, se não fosse ela eu não teria aprendido o que sei hoje.
     Dedico também essa obra a minha grande amiga Helena, companheira de todas as horas e confidente. Obrigado pelo apoio e incentivo que você me deu para publicar o livro. Agradeço as inúmeras pessoas que passaram pela minha vida, pois sem elas eu não teria inspiração para escrever esse romance.
      Um simples e sincero ‘obrigado’ aos meus amigos Walison, Ricardo Feitosa e Kadu Lago, que tem me mostrado o caminho da minha felicidade e faz com que eu siga em frente para conquistar um futuro promissor.
      Por final, um MUITO OBRIGADO ao grande Pai dos pais, Deus, por presentear-me com esse dom de criar essa super história de amor, ciúmes, e intrigas, seguidos pelos preconceitos da sociedade.
      Dedico a você leitor. E espero, que após a leitura, não fiquem escondidos atrás das ‘SOMBRAS DO PRECONCEITO’.
Muito Obrigado!                   
Ewerton Mendes.

 
Dedicatória Especial:
Dedico essa obra a uma pessoa que é vital em minha vida. Ela está presente em todos os momentos da minha história, tanto nos bons quanto nos ruins. Esse sonho teve um grande incentivo dela.

Ela fez a correção, sugeriu idéias, leu o livro sobre os meus ombros antes mesmo de ser lançado. Posso até dizer que ela foi a co-autora dessa obra.

Por tudo de bom que você me proporciona, eu só tenho a agradecer-lhe.

HELENA, muito obrigado por me ter como o seu melhor amigo.



Carinhosamente,
Véto!




quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

As Sombras do Preconceito.





Eh galera, o sonho tah se transformando em realidade. Após 9 meses q terminei de escrever o livro AS SOMBRAS DO PRECONCEITO, encontrei a "mãe" q dará a luz a ele. Em janeiro, ele jah estará a venda pela Editora COPACABANA BOOK'S de SP.
Obrigado aos padrinhos desse meu filho, kadu Lago e Ricardo Feitosa.
Em anexo uma foto minha com o livro e a contracapa com a sinopse.

Bjs mil... E até a próxima postagem.